Nos tempos da minha infância , vivida nos anos sessenta pelo interior de São Paulo, o comércio de cada cidade tinha características muito peculiares .As lojas, os armazéns de secos e molhados, as farmácias, os açougues, as padarias, tudo era diferente de uma cidade para outra.
Os donos, as fachadas e o tipo de atendimento eram próprios
de cada cultura.
Naquele tempo era muito diferente estar em Sorocaba ou em
Piracicaba. Cada cidade constituía um bloco econômico isolado, independente.
No meu tempo de juventude vivida nos anos setenta já se
sentia um forte efeito de padronização . Surgem grandes redes de supermercado
que incorporam os açougues e as padarias e as lojas começam a ter fachadas e nomes iguais em diferentes
cidades.
No final dos anos oitenta ,apesar
da economia estagnada, surgem as redes
internacionais no comércio brasileiro . Já se vê nas fachadas nomes vistos em
outros países. Mas
foi nos anos noventa que a coisa mudou
por completo. Quebraram-se os feudos e a concorrência passou para o
plano globalizado com o rompimento da barreira entre países . Os pequenos
negócios foram sendo substituídos pelas grandes companhias que operando num
plano mais amplo ,conseguem condições de competitividade muito melhores e
acabam liquidando com os pequenos.
Estes grandes conglomerados que acabaram por monopolizar os
negócios de todo o mundo, nada mais são que as empresas que souberam aplicar
metodologias adequadas para a redução dos seus custos e ganharam a
competitividade.
Mais do que ser uma reação a tempos difíceis ,os cortes de
custo constituíram formas para as empresas fazerem melhores negócios.
Manter os custos sob controle deixou de ser uma questão de opção ,e passou a ser uma
questão de sobrevivência. Nenhum cliente
estava mais disposto a pagar pela
ineficiência do seu fornecedor.
O mesmo ocorreu nas indústrias e nas empresas de serviços. A competitividade num plano internacional passou a exigir melhores sistemas de gestão e controle e aprimoramento da qualidade, inclusive com certificação de normas internacionais. Surge na análise da qualidade das empresas fatores ligados ao meio ambiente e ao papel social , além dos fatores ligados a segurança do trabalho e nivel de vida pessoal do empregado.
A EVOLUÇÃO DOS PRODUTOS E DA CONCORRÊNCIA |
No tempo atual e nos próximos anos o mercado consumidor tende
a sofrer profundas mudanças e isto acabará refletindo no perfil das empresas que
terão de adaptar-se.
As empresas tem de flexionarem-se mais para o seu papel
social e para a qualidade dos produtos e
serviços. O envelhecimento da população exigirá produtos específicos para
pessoas com mais de 60 anos. A ascensão social das camadas mais pobres da
população aumentará a demanda por produtos populares. O consumo de produtos
saudáveis também é uma tendência diante da melhor orientação alimentar das
populações. A consciência ambiental fortalece os produtos de maior eficiência e
ética. O consumo precoce traz a necessidade de produtos para as populações
infantis. As vendas pela internet se tornam inevitáveis. A praticidade e
especificidade dos produtos também serão cada vez mais exigidas.
Em função destas mudanças, a indústria brasileira vem
perdendo a competitividade no mercado
interno e não tem conseguido ampliar o mercado externo.. Daqui para a frente, a
vantagem competitiva será das empresas que souberem fornecer produtos de
qualidade com preços que caibam no bolso do consumidor brasileiro.e tenham
potencial de preço e qualidade para competir nos outros mercados. Para tanto a
adoção de uma administração voltada principalmente aos custos de produção e
qualidade torna-se fator primordial.